domingo, 31 de julho de 2011

Poesia por todo lugar

Eu me lembro do amplo salão e do que, aos meus olhos, era uma sequência interminável de mesas enfileiradas. Mesas de madeira, cobertas por feltro verde, coalhadas por uma profusão de multicoloridas e pesadas bolinhas, ladeadas por compridos tacos bem posicionados nas paredes brancas.

Adentrava aquele lugar umas duas ou tres vezes ao ano, de passeio com a prima Simone, nos períodos de férias.
Era o salão de sinuca e bilhar do tio Roberto.
Nunca soube distinguir a variação entre os jogos, nem se haviam mesas diferentes para eles.

Os ouvidos de criança colecionavam histórias sobre os jogos. Qualquer jogo sempre foi mal visto em minha família, qualquer um, menos aquele do salão de bilhar do tio Roberto.

Na minha lembrança, o tio emprestado, marido da minha tia, era um homem tão sério e sisudo como os outros com os tacos caramelo nas mãos.
Debaixo de meus 6, 7 anos, nesses esparços encontros, eu procurava visualizar o rosto do tio Roberto, que singular, sempre me devolvia a busca com um curto, porém marcante sorriso. A sabedoria de criança que o tempo não apaga: atrás de muita carranca, um puro coração de ouro.

Meu tio passou, desta para a melhor. O salão de bilhar, nem sei se existe mais. Ficaram as lembranças.
Meninos-Homens, ridiculamente concentrados, se fazendo de hábeis.
O jogo da vida e o acasalamento simbolizado no jogo de bolinhas coloridas.
A saudável vontade de acertar o alvo.
Para além da janela o refletir dos últimos raios de sol no espelho da lagoa.

"E verifiquei que nada há de melhor para o homem do que alegrar-se com o fruto de seus trabalhos. Esta é a parte que lhe toca. Pois, quem lhe dará a conhecer o que acontecerá com o volver dos anos?" (Ecle 3,22)

Um comentário:

  1. Gostei bastante do seu blog e vc escreve muito bem.
    Parabéns!
    To te seguindo, ok?
    Poderia ler, comentar e seguir meu blog?
    http://brunohtlxinutilidadepublica.blogspot.com/

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