sábado, 23 de abril de 2011

Meu esforço é teclar

Desde que ouvi que Deus usa as pessoas para ajudar a outras pessoas me interessei pelo assunto.
-"Deus, eu também quero ser usada por você! Me usa, Deus!"

Eu queria saber como é que Ele fazia.
Não tinha idéia do que isso representava ou a que esse pedido aparentemente ingênuo me conduziria e principalmente, a que nivel de obediência eu teria que me adequar.

Lembro-me de uma tarde em que voltava a pé para casa, depois de mais um dia de trabalho. Havia passado em uma livraria e passeava distraída pela calçada da avenida principal da cidade, os pensamentos longe do burburinho e do trânsito das 18:00. Estávamos em horário de verão.

Eu me preparava para atravessar a avenida quando o Espírito Santo me conduziu ao outro lado, diametralmente oposto ao do meu percurso.
De longe avistei uma mendiga com um bebê no colo.
-"Vá lá, conversar com ela!", disse-me o Espírito Santo.

Diferente do que fazia com os outros passantes, ela não me pediu dinheiro.
Ficou olhando para mim, como se esperasse algo além das moedas e das notas de dois reais que automaticamente colocavam nas mãos delas.
Puxei assunto. - "Essa criança é sua?"

Fiquei cerca de 01:40 minutos sentada no chão, como ela.
Alguém reclamou que eu estava atrapalhando a passagem, bem ali, na curva da avenida.
Conheci o atual marido dela e o filho adolescente, ele vivenciando "o barato" da droga recém administrada. Conversamos os quatro.
Soube que eram evangélicos, todos desviados.
O homem me mostrou as marcas dos tiros que recebeu em um acerto de contas com o tráfico; o adolescente me falou das vozes que o obrigavam a ingerir entorpecentes e a mulher, ela, o motivo: 36 anos, abandonada pelo 1º marido, 5 filhos, desencantada com a vida, ameaçada de despejo pelo dono do barraco, sem esperanças em mais nada, estava ali, naquele final de tarde, com aquele bebê nos braços, planejando o suicídio para mais à noite.

Ela me agradeceu a conversa. Disse-me textualmente que foi Deus quem me enviara até ela.
Tempos depois eu a vi, em outro ponto do bairro, carregava a criança nos braços.
Não sei se seguiu meus conselhos. Parece que ainda não.
Mas eu sei que o Senhor tem propósitos e não descansa até conduzir a última ovelha ao aprisco.
Aqui no blog, meu único esforço é teclar.

Um comentário:

  1. Que lindo!
    Realmente pedimos muitas vezes ao Senhor "me usa", mas o que imaginamos na maioria das vezes é sermos escolhidos como líderes de louvor pelo Pastor, sermos convidados para pregar na nossa igreja ou dirigir a célula, mas nao imaginamos (e muitas vezes nem queremos) sair do nosso caminho, "perder" (quando a palavra certa seria investir) tempo com pessoas pobres, sujas ou mal-cheirosas.

    Somos os crentes do horário do culto. Daquele "clubinho social" agradável chamado "igreja".

    Nao somos membros de um corpo, por isso a dor de um outro membro nao dói em nós e nem nos interessa.

    Queremos ser membros apenas daquilo que nos dará prestígio e destaque.

    Mas Jesus disse bem claro: "quando fizeste pelos meus pequeninos, fizeste a Mim."

    Que o Senhor te capacite e abencoe a amar mais, como vc amou aquela mulher naquele dia. E que capacite a mim também e a todos os que queremos obedecer à sua Palavra. Que sejamos menos hipócritas e mais parecidos com Jesus Cristo.

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